terça-feira, 10 de agosto de 2010

au revoir ou Blues para viagem





Faça-me o favor, querida...
Suma do mapa
suicide-se
na próxima esquina

pule de uma vez
na tua piscina
enquanto ela esvazia

suas idéias são tão toscas
tua ausência
bem-vinda

evite já na entrada
a unânime despedida
você não mais me engana
chega de desculpas
esfarrapadas
com o cheiro de tequila

não me comove o pranto
de quem cospe
no seu prato de comida

vá!!! (gritos e sussurros e gemidos)
suma de uma vez
com esta decadência desmedida

vá!
tua presença incomoda,
tua falta alivia

vá...
o teu lindo corpo
não compra mais
nem aquela mal servida

Vai?
passe umas férias prolongadas
lá pra tal da conchichina

aaaai querida!!!
você escolheu muito mal
sua ultima inimiga

Narjara Oliveira

sexta-feira, 23 de julho de 2010

4 "P" (pseudo poeta, porre e sem um puto)




o poeta
frio
não sente
o poeta vazio constrói retas
procura frestas no barraco alheio
nunca fica de joelhos
o poeta fracassado
não comete pecado
não ri de uma simples piada
o poeta de hoje em dia
finge agonia
não sabe de anarquia
e nunca cometeu terrorismo poético.
o poeta deste tempo
não fica rouco
fala muito e sabe pouco
do amor louco de Hankin Bey
o poeta de hoje
é o hippie de ontem
impregnando na mesa
o copo-ouvido-corpo de alguém
usa outrem
e não come ninguém.


Nota: o texto acomoda tb psd atrizes, diretoras, cantoras e escritoras com prêmio à mão e auto-estima no chão. Um saco essa gente que diz saber tudo e não faz nada! arg. rs

sexta-feira, 30 de abril de 2010









A vida não é um ensaio, P!...

terça-feira, 16 de março de 2010

Poesia vertical 55


Picasso - o beijo



Um amor mais além do amor

Por cima do rito do vínculo

Mais além do jogo sinistro

Da solidão e da companhia

Um amor que não necessite regresso

Porém tampouco partida

Um amor que não se sujeita


aos flashes de ir e vir


De estar acordados ou adormecidos

De chamar ou calar

Um amor para estar juntos

Ou para não está-lo

mas também

para todas as posições intermediárias

um amor como abrir os olhos

e talvez como fecha-los.


Roberto Juarroz >>>>>>> Tradução: Narjara Oliveira

terça-feira, 2 de março de 2010

Ciclos


foto francesca woodman


vícios semeados

na fecunda terra

solo-coração

selva que não quero

seiva que nasce mãe

rompendo o clarim
na fronteira

mundo & olhos

a candura uivou rubra

em tua nuca descorada

amordaçaram os gritos

ocultaram os gestos

camuflaram os gemidos

o pássaro negro

ensaia o canto feral

o aceno é óbvio

e a palavra, súbita.

vive & fenece

nas línguas impulsivas
das manhãs dissolutas.


Narjara Oliveira