terça-feira, 8 de julho de 2008


Ilustração de Gustave Doré par a Divina Comédia de Dante Alighiéri

canção agonista


para Narjara Oliveira

hoje não há perdão

XXXXXXXXXXXXXXX – só perdas

& chagas mal lambidas

pela solidão que nos

XXXXX persegue quando

mais nos buscamos

ainda que eu engula

montanhas de pedras ou

corte os pulsos

XXXXX com os cacos

afiados da vida

não seria capaz

XXXXXXXXXXXXXXXX de te provar

o valor de revelar-se

XXXXX desnuda aos 4

ventos da tortuosa

XXXXX estrada da existência

XXXXX sei que taparias

os olhos & ouvidos

XXXXX com chumaços

de paixão desenfreada

e me mandarias correr

XXXXXXXXXXXXXXX os 7 círculos

do inferno de Dante

a mim

XXXXXXXXXXX pouco importa

que fujas numa procissão

XXXXXXXXXXX ou cuspas fogo

sobre meus poemas

– velarei por teu nome

XXXXX como quem guarda

um segredo homicida –

levarei na carne

a lembrança tatuada

dos dias em que ardias

XXXXX como um sol

sobre minha pele

:

& esta solida impressão

te reinscreverá

em minha memória

XXXXX como um punhal

a persistir num corpo

XXXXXXXXXXXXXXX que agoniza

Pedro Vianna