terça-feira, 29 de abril de 2008

Poesia vertical I




Uma rede de olhar
mantém unido o mundo,
não o deixa cair.
E mesmo que eu não saiba que passa com os cegos,
meus olhos apóiam-se em uma costa
que pode ser a de deus.
no entanto, eles buscam outra rede, outro fio,
que anda fechando os olhos com um traje emprestado
e desprende uma chuva já sem solo nem céu.
Meus olhos buscam isso
que nos faz arrancar os sapatos
para ver se há algo mais nos sustentando debaixo
ou inventar um pássaro
para apurar se existe o ar
ou criar um mundo
para saber se há deus
ou colocar-nos o chapéu
para comprovar que existimos.



Roberto Juarroz >>>>>>>>>>>>> tradução narjara oliveira

outro lado




um dia seremos anistiados