segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Lua revisitada



Não sou paciente, perfeccionista, nem a melhor mulher, irmã, filha ou amiga do mundo.
Sou daqui.
Não me cabem todas as qualidades que por este mundo, são virtudes que (estranhamente) encontramos nas pessoas com freqüência.
Tenho a síndrome da noiva indecisa, cometo autoflagelo e às vezes dou uma de moralista.

Rará... Eu? Moralista?!
“Não me tragam estéticas!Não me falem em moral!Tirem-me daqui a metafisica!Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistasDas ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) ­Das ciências, das artes, da civilização moderna!Que mal fiz eu aos deuses todos?Se têm a verdade, guardem-na!Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.Com todo o direito a sê-lo, ouviram?Não me macem, por amor de Deus!Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.Assim, como sou, tenham paciência!Vão para o diabo sem mim,Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!Para que havemos de ir juntos?” Adoro o Pessoa nisso.
E sei que iguais a mim, nessas características, nascem e se colhem aos cachos.
Mas, não é isso que me consola, não estou em busca de pessoas piores que eu para que eu me sinta menos vil.
Sinto-me em paz quando erro e consigo ver através do meu erro que minha ação inversa me deixaria verdadeiramente mais feliz: A mim, ao outro, a qualquer um a quem um dia fui injusta, indisplicente, impontual, porém, nunca desumana.
Erro, erro, erro sem previsão de números.
E quase sempre me arrependo (o quase é em virtude dos erros em que ainda aceitei como tal. Acontece... Ainda sou humana).
Não sou santa, nunca fui santa, mas confesso que sou invadida por uma imensa alegria quando me permito a atos divinos. A minha mãe sempre diz: Quem é sábio aprende com o erro dos outros.
E então, penso: eu não estaria sendo espertinha me aproveitando dos erros dos outros? Estaria eu alimentando meu egoísmo ao viver minha vida sem erros, apenas acertos?
Ou pior, expandindo em mim o território vaidade?
Deus! Quanta vileza na tentativa de não errar! Alcançar a sapiência não é tão fácil o quanto as mães gostariam que fosse. Exige muita observação e poucas palavras. É tão difícil calar. Principalmente quando se tem a euforia da juventude, cheia de verdades absolutas, imutáveis e idiotas. Arrg! Eu odeio isso em mim e nos outros. Principalmente quando os outros já não são tão jovens... Rs.
Eu me esmero para mudar, acreditem, e se não mudo nem por isso deixo que me peguem no braço, eu também não gosto que me peguem no braço.
Não tenho a ganância espiritual, não me recuso a jogar com as idéias, não posso escolher a mágica contemplação e negligenciar minha humanidade, não evito a distração por uma angústia tola, não hesito, nem desperdiço minhas oportunidades de ser divina.
Aprendi com o tempo, aprendi com os que me odeiam e com os bem-aventurados que se permitem me conhecer, aprendi a ser eu e a reconhecer minhas qualidades e não ter medo de expor meus defeitos, aprendi com um dos poetas que mais me toca (e neste caso, duplamente. rs.) com uma de suas frases célebres & ácidas, Pedro Vianna(
http://palavraprecipicio.blogspot.com/):
" Vão lhe dizer milhões de coisas ao meu respeito, mas me pergunte antes, pode ser verdade!"



Narjara Olivié