domingo, 8 de junho de 2008




Quando eu não te tinha, amava a natureza como um monge calmo a Cristo.
Agora amo a Natureza como um monge calmo à Virgem Maria, religiosamente, a meu modo, como dantes, mas de outra maneira mais comovida e próxima…Vejo melhor os rios quando vou contigo pelos campos até à beira dos rios; sentado a teu lado reparando nas nuvens reparo nelas melhor —Tu não me tiraste a Natureza…Tu mudaste a Natureza…Trouxeste-me a natureza para o pé de mim, por tu existires vejo-a melhor, mas a mesma, por tu me amares, amo-a do mesmo modo, mas mais, por tu me escolheres para te ter e te amar, os meus olhos fitaram-na mais demoradamente sobre todas as coisas(...)

(...) Amanhã virás, andarás comigo a colher flores pelo campo, e eu andarei contigo pelos campos ver-te colher flores. Eu já te vejo amanhã a colher flores comigo pelos campos, pois quando vieres amanhã e andares comigo no campo a colher flores, isso será uma alegria e uma verdade para mim.

O amor é uma companhia. Já não sei andar só pelos caminhos, porque já não posso andar só.
Um pensamento visivel faz-me andar mais depressa e ve menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo. Mesmo a ausência dele é uma coisa que está comigo. E eu gosto tanto dele que não sei como o desejar.

Se nao vejo, imagino-o e sou forte como as árvores altas, mas se o vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dele. Todo eu sou qualquer força que me abandona. Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dele no meio.

( transformei "ela" em "ele" com a licença amorosa de F.P.)

F.P.


“Nós as abraçávamos e dançávamos. Não havia música, apenas dança. O lugar lotou inteiramente. As pessoas começaram a trazer garrafas. Caíamos fora para curtir os bares e voltávamos voando. A noite estava se tornando mais e mais desvairada. Desejava que Dean e Carlo estivessem ali – aí percebi que estariam deslocados e infelizes. Eles eram exatamente como o homem melancólico da pedra que geme na masmorra, erguendo-se dos subterrâneos, os sórdidos hipsters da América, uma inovadora geração beat, com a qual eu estava me ligando lentamente.”

On the road (Pé na estrada)Jack Kerouac
Trad. Eduardo Bueno